segunda-feira, 18 de agosto de 2014

FLIP em Paraty 2014

Em meio ao charme da arquitetura da cidade de Paraty, no Rio de Janeiro,aconteceu  a grande Festa Internacional Literária- a famosa FLIP de 2014 em sua decima segunda edição
 A homenagem foi para o contemporâneo Millor Fernandez,falecido em março de 2012, aos 88 anos. Ele foi dramaturgo, escritor, tradutor,artista gráfico e representante importante da Imprensa Brasileira . A grande  Festa Literária  contou com mesas sobre política e o golpe militar de 64, já que o próprio Millor sofreu com a censura.
Aos comoventes aplausos, depois de um depoimento interrompido pelo choro de Marcelo Rubens Paiva, sobre seu pai desaparecido, em 1971, quando  tinha apenas 11 anos, a mesa Memórias do Cárcere, 50 anos do golpe falou  sobre desaparecidos no regime militar.
No espaço SESC, acompanhei a discussão A vida nos extremos, com os escritores premiados pelo SESC Márcio Leite, Flávio Izhaki e Wesley Peres falando sobre o difícil tema  finitude e morte.Um deles trabalha como médico,e acompanha a Unidade de Terapia Intensiva em um  hospital, convivendo com a morte no seu dia-a-dia. De maneira bem humorada o outro escritor comentou " quando me perguntam o que penso da morte, eu digo- sou contra" Emocionei-me com um jovem escritor, Flávio Izhaki, que relacionava o tema, de maneira madura,  a um quadro de depressão, à perda de uma pessoa amada ou ao fim de uma relação.
Em meio a discussões transmitidas pelo telão, a tribo Yanomami se destacou ao colocar os problemas enfrentados por seu povo, na Amazônia.O Xamã Davi Kopenawa, pajé e presidente da Hutukara Associação disse que está sendo ameaçado de morte e criticou a destruição da natureza feita pelo homem.Com sua simplicidade e gentileza, ainda concordou em tirar uma foto comigo, na Pousada do Ouro, onde estavam hospedados.Com um jeito quase inocente e tranquilo, trazia no rosto o sofrimento e a sabedoria de seu povo. Timidamente contei a ele que havia, como atriz, interpretado uma peça teatral cujo tema indígena era Xamâs, certa de que apesar de ter estudado o tema, eu jamais entenderia o quanto é forte e importante o papel de um Xamã para sua tribo.
Em meio à fogueira e bandeirinhas penduradas, alguns, admirados em pé, outros, mais à vontade, sentados, ao redor dos atores, viviam momentos raros na noite fria. Eram declamações de  poemas e interpretações de textos em frente à antiga igrejinha do século XVII, de frente para o mar. Um total deleite para a alma, com a população bem de perto daqueles que só viam nas telinhas, saboreando textos amorosos e histórias comoventes. O destaque foi para um texto que destacava a beleza da atriz francesa Brigitte Bardô, quando era jovem e vivia em meio a pescadores em Buzios. A leitura foi feita  pela  atriz Leona Cavalli. Estavam presentes Ananda Costa, Murilo Rosa, Angelo Antonio e outros. Ao lado,havia a concorrida  Tenda dos autores, onde, entre outros assuntos, abordavam a curiosa discussão sobre o preconceito sofrido pelos escritores de novelas no meio editorial.
O ator, diretor e dramaturgo Marcos Caruso destacou a importância da empatia dos telespectadores em relação aos personagens das novelas e agradeceu a presença de todos, comparando o público presente com os atores,  já que  cada um tinha talento e história para contar
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" ...e eu ouvia o barulho da máquina de escrever insistentemente da janela do hotel em que estou hospedado...quando abri a janela me deparei com um passarinho.. e pensei... "em Paraty até os passarinhos escrevem..." esta foi a frase que  arrancou garalhadas  na casa Folha, pela voz do grande Biógrafo Ruy Castro, que falava do quanto é agradável escrever sobre a vida daqueles que ele tem admiração, citando obras sobre Carmem Miranda, Garrincha, Nelson Rodrigues e outros.
Ao som de berimbaus via-se a integração da cidade com o evento e o intercâmbio com as crianças na FLIPINHA, na praça central da cidade, através do teatro, dos livros infantis e da capoeira, naquela que esta sendo considerada, pelos noticiários, um dos lugares mais violentos do Rio de Janeiro.
Além da tribo da região, crianças indígenas pousavam para curiosos, revelando seus talentos, com pequeno cartaz escrito com dificuldade, o preço para cada tipo de "trabalho" - desde pose para foto até a compra de um objeto artesanal.
O pequeno sonolento exposto, cumpria  sua jornada do dia. Com vestes urbanas que mostravam sua aculturação , trazia os pequenos símbolos que lembravam sua gente como o cocar e a pintura no rosto. A cena fazia lembrar a  história dos portugueses aqui chegando e trocando objetos, surpresos com o  exótico, na ânsia da conquista.. Lembrei também do poema de Oswald de Andrade - Erro de Português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Pensei que tantos anos se passaram e o quanto ainda há a exploração do índio pelo branco, com um diferencial chocante- a pobreza e falta de perspectiva na tribo dos poucos remanescentes pataxós que vivem ali por perto.

Uma outra lembrança que me ficará é o destaque feminino para uma grande mulher - a mãe de Marcelo Rubens Paiva- foi ele, na condição de filho e admirador, que destacou que sua mãe era apenas uma dondoca formada em Letras, mas que adquiriu uma grande força ao combater como ninguém a ditadura. Viveu numa procura incansável de seu marido, o ex deputado federal socialista desaparecido, Rubens Paiva Ele contou que ela tornou-se mais tarde, o símbolo da luta pela anistia e pelas diretas e outras conquistas,combatendo a ditadura e passando a ser referência, ao dar sua bênção, aos candidatos de esquerda à política brasileira.
Imediatamente pensei em entrevistá-la mas fiquei triste ao saber que hoje a guerreira vive confusa em meio à doença do Alzheimer.Quem sabe um dia esta grande mulher será retratada em filme ou  peça teatral!
De resto, fiquei mais uma vez em êxtase com a beleza paradisíaca daquela que é chamada de A Veneza do Atlântico Sul, a maravilhosa cidade de Paraty!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sozinha em Nova York

Chegar de madrugada e sozinha em Nova York não é nada fácil, principalmente para quem não tem  reserva de meio de transporte, que eu achei caríssimo, quando é feita em São Paulo. Diante disso, uma boa alternativa é procurar o departamento de turismo do aeroporto. Basta pedir ajuda e a atendente lhe oferece as seguintes opções- uma schuttle por 18 dólares ou um táxi por 48 dólares. Claro, minha preferência foi a schuttle - uma van que me levaria até o hotel. Fiquei aguardando na sala reservada aos turistas e depois de 40 minutos apareceu o motorista para me levar até o hotel que passei o endereço. Ficar em Manhatam é um preço alto, mas escolhi, através de uma amiga jornalista, experiente e conhecedora do local, um hotel simples e aconchegante, além de bem localizado - Morninside Inn,107, West side, Central Park. O Hotel  tinha um  precinho muito bom- 1.239 dólares por dez noites,confesso que foi melhor do que eu esperava.
No dia seguinte fui conhecer as imediações, observei uma Igreja católica ao lado do hotel, no meio do quarteirão. Achei uma padaria onde podia encontrar algo mais parecido com nosso café da manhã - o baguete, sem aquele excesso de chocolates e cremes!

Observar as ruas próximas são essenciais-sem nunca sair sem um cartãozinho do hotel. Eis que avistei avenida Brodway, avenida Amsterdam, tudo tão pertinho, que resolvi caminhar até ver onde sairia, claro, tentando chegar à famosa quinta avenida.O metrô de Nova York é antigo mas funciona, só precisamos tomar cuidado e ter atenção para não se perder, como aconteceu comigo!A imagem abaixo mostra o vazio do local e imagine o medo que senti!O que mais me impressionei com a quantidade de ratos nos trilhos!

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Por outro lado, caminhar pelas ruas e avenidas é maravilhoso!









Eis que estou diante do grande Central park... e ingenuamente aceito o convite para andar de carrocinha com o menino de sorriso bonito.Hum,doce engano, passeio caro por algo desnecessário. O bom mesmo é caminhar no Central park. Ali o menino-guia repete nomes de famosos artistas de Holywwod - como Robert de Niro, Woddy allen, e muitos outros compradores dos luxuosos apartamentos ao redor do Central Park.. Uau... é de deixar o queixo cair!
O mais interessante e emocionante é a famoso mosaico, em homenagem ao Beatle John Lennon, com os escritos - Imagine- sempre tem algum cantor que se aproveita desses momentos de emoção tocando e cantando por ali as músicas de Lennon.A sesnsação de estar ali é de paz e amor! E claro, não podemos deixar de ver o famoso edifício Dakota, em frente ao Park onde viveu John e Yoko, e a rua em frente onde ele foi assassinado.
As grifes mais conhecidas se apresentam na quinta avenida, e logo de início a apple, uau!!! Luis Vitton, Guess.... e vamos nos sentindo no topo do mundo fascinados com a beleza e aquilo  que o dinheiro pode proporcionar.Para quem gosta de cinema holywoodiano é bacana visitar o museu Madame Tussaud  que apresenta  artistas  famosos feitos de cera incrivelmente perfeitos.

Ao chegar na Times Square.. o susto aumenta, muitos anúncios de produtos, luzes, brilho, lembrando que os reis do marketing também oferecem a própria pessoa sendo filmada,, fotografada, num imenso telão..dando a idéia de um minuto de fama, enfim. a gente enlouquece na Times Square, fica desejando comprar tudo!Mas não se anime tanto... absolutamente quase tudo é feito na china, que parece que dominou o mundo mesmo!!

Andar de barco pelas águas de Manhatam é um passeio prazeroso, dá para tirar muitas fotos dos belos pontos turísticos, o único problema é o vento, mas vale a pena. O contrário do ônibus turístico que achei desnecessário por causa do grande congestionamento das ruas e avenidas.
Não tem como não conhecer o local onde as torres gêmeas sofreram atentado. A igreja em frente ao ocorrido tornou-se um santuário de lembranças, fotos e frases em homenagem aos mortos. O interessante é que esta igreja foi salva de um incêndio em 1776.

Ali perto tem o que os brasileiros amam - a Century 21 - que vende óculos e bolsas de grifes por um excelente preço!
Por ali também tem  famosa ponte - Brooklin Bridge- linda - provocante, maravilhosa para poses fotográficas e filmes- o cartão postal de New York, onde podemos avistar a estátua da Liberdade e os prédios do Mercado financeiro!
Acompanhar gravações de filmes policias ali pertinho é fácil e possível, já que o Fórum fica a algumas quadras.Impressiona o profissionalismo e o tamanho das câmeras, além do número de profissionais que trabalham para a cena ficar perfeita!
Caminhando mais um pouco tem a bela praça do china Town.
E mais adiante os deliciosos e divertidos restaurantes italianos no Little Italy!!
Existem muitas possibilidades na noite nova yorkina mas o Jazz não pode deixar de ser visto nos bares e parques da cidade.
Para o Happy Hour recomendo o Bryan Park na 42, um charme, com barzinho para bate papo dos novayorikinos e turistas, bom chopp, ótima música e para acomapanhar um belo hot dog!


Espetáculos da Brodway são imperdíveis, para comprar os ingressos, o melhor mesmo é a famosa escadaria na Times Squre no início da semana, à tarde, forma uma fila enorme e os preços são pela metade. Vale a pena esperar e ter paciência.

De todos os museus me apaixonei pelo MOMA - museu de arte moderna, na quinta avenida! Achei maravilhosa aquele rosa vermelha que vai até o andar de cima, e os vidros escuros e estilo contemporâneo, com obras de Picasso, Monet e muito mais.Um encanto!!!